O que é o encontro
O congresso, dedicado exclusivamente a cirurgia de mama, já acontece há muito tempo: traz os grandes nomes da cirurgia mamária.
Esse ano ele aconteceu entre os dias 20 e 22 de março de 2024 e pude acompanhar de perto as discussões.
Foto: antigo Hospital Santa Pau Barcelona
Estética ou Reparadora?
Estética e Reparadora!
O encontro engloba tanto o aspecto reparador como estético. Parece difícil de entender como essas duas faces da cirurgia de mama podem se conectar assim. Uma maneira simples de enxergar isso é entender que o objetivo de uma reconstrução mamária é sempre dar a paciente o mais próximo possível de uma mama natural e bonita. E por muitas vezes, precisamos fazer isso do zero.
O belo versus o artificial
Um tópico frequente foi: o que é uma mama bonita. Apesar de parecer uma discussão redundante, desde a época da minha residência médica, tinha a impressão de que esse senso estético havia se perdido, migrando para mamas irreais, impossíveis de serem atingidas naturalmente. Nem uma mulher jovem e bela poderia ter mamas desse formato.
Foto: estátua nos jardins da Villa Cimbrone, Ravello, 2017
O retorno aos primórdios
Até em museus, podemos ver em áreas da humanidade antiga que as estátuas eram muitas vezes esculpidas com formatos irreais, ao “gosto” masculino.
Porém, é consenso: uma mama naturalmente bonita, tem seus atributos. Pode até haver preferência de tamanho ou o desejo por um colo mais marcado, como minhas diversas pacientes tem. Porém, uma mama natural e bela, não sofre contestação. Nem masculina.
Um colo mais suave, o formato em gota, o mamilo apontando ligeiramente para cima: muito se falou no BBM sobre o retorno ao natural.
Foto: estátua de Tara, British Museum, Londres, 2016
Na frente ou atrás do músculo, Dra?
Além disso, ficou claro que, após muitos anos de experiência com a técnica submuscular e dual plane, existe indicação precisa: não serve para todos e tem sua paciente certa. Assim, é possível diminuir sequelas.
Também provou-se que não há distinção de resultado entre a técnica subglandular e dualplane. O ponto chave para se atingir um resultado de excelência é a indicação correta.
A evolução dos implantes... ou não
Já em relação aos implantes, continuamos com uma vasta gama mundial de modelos, mas que não necessariamente se encontram no brasil. A logística e burocracia impedem que isso aconteça. Continuamos sem o implante mais leve, que traria benefícios por reduzir o peso das mamas.
As texturas continuam nos extremos: desde poliuretano para aderir bem a glândula, até as superfícies praticamente lisas. Cada uma com suas vantagens e desvantagens.
Os implantes ergonomix e anatômicos mantem-se no topo da lista quando se pensa em resultado natural, mas os implantes redondos continuam em voga. Assim como faço com as minhas pacientes, a escolha é feita em conjunto.
A liberdade feminina
Outro tema abordado foi o explante.
Cirurgia de difícil execução, porém cada vez mais frequente entre as mulheres mais velhas ou que se arrependeram da colocçaão de prótese de mama.. Foram apresentadas alternativas e consagrado o uso de lipoenxertia e retalhos.
Até pouco tempo atrás, quando as pacientes manifestavam o desejo de ficar sem a prótese, eram desaconselhadas porque acreditava-se que mesmo explicando elas não entendiam que o resultado não seria "bom" sem o implante mamário. Porém, o que faltava entender é que as pacientes não desejavam mais nem o resultado do implante e nem as compicações que ele havia trazido.
Na minha prática clínica, as pacientes entendem que o resultado pode ser imprevisível. Mas mesmo assim estão dispostas a fazer o explante. seja porque não desejam mais esse contorno corporal, seja por arrependimento ou mesmo por complicações como a contratura,